
Só o facto de se ganhar bom dinheiro já é muito importante, principalmente quando pode “salvar” a situação económica e a época de algumas equipas. Em Portugal a realidade é um bocado essa, jogam-se os campeonatos para se ser campeão, mas a presença ou ausência na principal prova europeia é um dos factores mais importantes em jogo. Esta época, as 3 equipas que começaram na Champions já ganharam um bom valor para as suas finanças, e é aqui que se começa a preparar a próxima época. Um falhanço na Liga dos Campeões é sinónimo de falhanço financeiro, e muito do dinheiro possivelmente investido nos planteis não vem de volta. Resta a outra opção no final da época, que é vender, mas já sabemos que mesmo vendendo, o dinheiro é pouco.
Uma das principais “queixas” actuais do G14 (único representante português é o Porto, Benfica pensa entrar na próxima candidatura) é a perda de dinheiro que se verifica quando se compara a Taça UEFA com a Liga dos Campeões. Na segunda ganha-se imenso, na “outra” perde-se dinheiro, principalmente com as viagens longínquas e com as fraquíssimas assistências nos estádios. Compensa mais a uma equipa que está na primeira fase da Champions - em termos monetários - passar à segunda fase desta e arrumar, do que atingir uma final da Taça UEFA. Na minha opinião não deveria ser assim. Na taça UEFA as equipas são mais ”pequenas” na sua maioria, e ainda acabam por sair prejudicadas quando comparadas com os ricos. É impensável, na minha opinião, uma segunda fase da Champions dar cerca de 3,9 milhões de euros a cada equipa que passe (mais os 1,62 M de entrada na prova), e uma final da taça UEFA dar apenas prestígio a quem a jogue. Completando os dados financeiros da Liga dos Campeões temos que: quem passa aos quartos de final ganha 2,6 M euros, meias-finais 3,25 M euros, finalista vencido ganha 3,9 M e o grande vencedor 6,5 M euros. Estes valores, somando aos valores acumulados nas fases anteriores, dá realmente muito dinheiro “fácil” para uma equipa.
Um dos principais objectivos da UEFA - como instituição - é tornar mais apelativa a Taça UEFA e começar a tirar algum do excessivo poder financeiro da Liga dos Campeões, de modo a beneficiar todos e de equilibrar a balança.
Passando aos exemplos no nosso país: o FCP ainda tem uma boa possibilidade de conseguir “ganhar” financeiramente a época passando à segunda fase da competição; o SCP está certo na Taça UEFA portanto não ganhará muito mais a somar ao que já venceu; o Benfica, depois de ter investido tanto na sua equipa para esta época, arrisca-se a “perder tudo”, já que nem a Taça UEFA está assegurada e poderá vir a ser um fracasso. No mundo do futebol estes “poucos” milhões são mesmo muito importantes porque vão ditar como vai ser a próxima época da equipa, se tem muita ou pouca margem de manobra para reforçar o plantel, se pode ou não vender as suas melhores estrelas para contrabalançar.
Mais uma vez, como os portugueses até no futebol são uns “românticos”, teve que ser um espanhol, neste caso o José Camacho, a vir a público dizer uma boa verdade: que o Benfica “estava no campeonato para assegurar a Liga dos Campeões da próxima época (…) sejamos ou não campeões. Temos é de atingir a Liga e vamos partir por aí”. É verdade que afirmou isto numa má fase desta época, quando estava a cerca de 7 pontos do líder e falava-se muito dessa distância e então decidiu tirar um bocado da pressão do título, mas não deixa de ser verdade. Na nossa realidade, a Liga dos Campeões pode ser fundamental. Todos os pontos são importantes, e arriscamo-nos a ter apenas duas equipas presentes na próxima edição.